Carta ao Madridismo.

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ㅤㅤㅤㅤ Há doze anos esse mesmo sentimento acontecia pela primeira vez. O dia 16 de Maio de 2006 ele deixava o Madrid no Sanchez Pizjuan após a derrota por 4 x 3 para o mandante, o Sevilla. Nove dias antes ele se despedia da torcida no Santiago Bernabéu no empate por 3 x 3 com o Villareal. Aqueles dias me senti órfão.
ㅤㅤㅤㅤ Eu comecei a torcer para este time por causa de uma eventualidade. Moleque, andava pela rua quando um vizinho me alertou sobre “estar passando Campeonato Espanhol na TV”. O time do Madrid não era lá grandes coisas, face aos rivais continentais. Isso aí era lá por volta de 96’. Só lembro que, quando comecei a ver aquele time jogar, por mais defasado que fosse seu estilo de jogo, me encantei.
ㅤㅤㅤㅤ Passaram-se os anos e, sempre que eu podia, tentava acompanhar, fosse por resultados nos jornais de Segunda e Quinta, fosse por noticiários esportivos na TV, na sessão de futebol internacional ou aquela bendita final contra o Vasco da Gama, numa manhã de Terça-Feira. A imprensa brasileira sempre fez esse “protecionismo” barato com o futebol nacional, então não era sempre que apareciam notícias sobre futebol internacional, sobretudo do espanhol que não se comparava com o que acontecia lá no “País da Bota”.
ㅤㅤㅤㅤ Mas aí veio o título de 98’, depois o de 2000 e eles já não podiam mais subestimar aquele time que “vivia de passado” quanto aos títulos continentais. Figo havia chegado do arquirrival e, numa segunda-feira, 9 de julho de 2001, eu me atrasava para ir ao colégio, pois a chamada do noticiário esportivo trazia Zidane como nova contratação do Madrid. Ver Zidane jogar mudava completamente sua maneira de encarar o futebol. A eficácia não era mais tão importante, sim a eficiência e, acho que por isso, os “coroas” que viram o Brasil de 82’ se sentem órfãos até hoje.
ㅤㅤㅤㅤ Zidane em campo não importava o resultado, o dia seguinte sempre trazia aquele sentimento de que seria melhor. Era como se ele sempre tivesse existido naquele time. Mas os grandes jogadores também se vão, também se aposentam e, aquele “Adeus ao Madridismo” no dia 7 de Maio de 2006 nos deixou órfãos.
ㅤㅤㅤㅤ Sinceramente? Eu não conseguia acompanhar o time sem aquele camisa 5 no meio de campo. Camisa 5, símbolo de humildade, pois o grande Zidane poderia ter exigido a 10, não? Mas foi com esse cara que o paradigma das camisas foram quebrados na Era do Futebol Comercial. A “10” não tinha mais tanta importância, exceto em países como Brasil ou Argentina, um chorão e outro birrento no futebol, vivendo briguinhas que não levam a nada, inclusive por conta de número de camisa. Zidane mostrou que um simples número nas costas não significa que você vá jogar melhor.
ㅤㅤㅤㅤ Então ele se foi, meses depois de Florentino Perez ter se demitido.
ㅤㅤㅤㅤ Todo este hiato não vale a pena refletir aqui, dado que este texto é um agradecimento a esta excepcional pessoa. Meses antes de Zidane voltar ao Madrid para comandar o time, Rafa Benítez assumia o cargo de treinador. Eu dizia que não daria certo. Nunca gostei do Benítez como treinador. É cagão, não peita e não sabe gerir pessoas. O resultado estava sendo mostrado com atuações sem uma esperança de algo melhor no amanhã. Eu dizia para um amigo meu: “O homem vai chegar e vai mudar essa porra. Escreve o que digo!”
ㅤㅤㅤㅤ 4 de Janeiro de 2016. No meio da temporada era anunciado. Com ele voltava aquele sentimento de “que tudo vai dar certo, independente do que esteja acontecendo”. E foi exatamente assim. Aguentei piadas, aguentei chacotas em resultados negativos, assim como todo o Madridismo, mas ele estava lá e sabíamos que tudo daria certo no fim. Três torneios continentais consecutivos… Meu torneio preferido, ainda que não seja o dele… Olhem para trás e vejam quantos conseguiram este êxito em tão pouco tempo como treinador.
ㅤㅤㅤㅤ Bendito Maio. Mês do meu nascimento. Mês que já me deu tantas alegrias, mas que também me proporcionou tantas tristezas. Bendito Maio. 31 de Maio de 2018 ele se vai num “à bientôt”. Mais uma trapalhada de Florentino Perez, o nosso “mal necessário”. Mais um complexo de Ford. Sim… porque muitos laureiam o nome de Henry Ford, mas não sabe o quão ruim era ele como gestor de pessoas. Não podia sentir que alguém estava “ganhando” nome em sua organização. Ele tinha que ser o maior. Seu neto seguiu pelo mesmo caminho e assim como eles, temos um montão de gestores de mesma estirpe. Florentino é um cara assim. O mal necessário para o Madrid. O cara que é responsável por colocar estrutura para que o Madrid seja o melhor e o maior, mas um péssimo gestor de pessoas. O que o Madridismo espera para o futuro? “Yo lo no sé!” Só tenho a agradecer a esta humilde pessoa que me proporcionou tantas alegrias. Zidane… Muito obrigado! Merci beaucoup! Muchas ‘GraZZias’!

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